É preciso falar sobre a fonte de informação do bolsonarismo médio, quiçá o considerado mais informado. Se parte da nossa compreensão sobre o real se elabora a partir da nossa experiência no mundo, a interação com o bolsonarista pode dar o tom sobre que tipo de informação ele consome diariamente e a partir da qual tira as suas conclusões (conclusões que já são prévias ao lixo consumido).
Parte dos minions com quem interajo dialoga essencialmente com vídeos do Tik Tok, essa informação de base totalmente questionável, de impulsão paga e encadeada por algoritmos digitais. É gente que sabe ler, mas que não lança mão dessa forma de assimilar informação porque ler não é hábito que compõe o conjunto das disposições da classe a que pertence. Antes não se informava; agora há o Tik Tok. Se por acaso avança na leitura de algumas poucas linhas, são as dos jornais alternativos por onde flui o esgoto na forma escrita que corresponde ao chorume toxicamente mortal da forma virtual dominante. O bolsominion já é um zumbi porque não é mais o sangue que corre nas suas veias, é lixo informacional, bits corrompidos em fluxo abundante.
O conteúdo virtual corroborativo das próprias crenças ocorre de forma curta e, às vezes, cômica, com o tom de “destruir o oponente”. Isso é bem mais cômodo do que ler páginas de jornais diversos e, por acidente, se deparar com o contraditório. Que dirá a leitura de livros diversos.
Em tempos de pós-verdade (a verdade segundo o critério afetivo, corroborativo das paixões já cultivadas), a arena pública compõe-se de passarelas estreitas, ainda que sólidas, a serem palmilhadas por sujeitos sensatos em meio a oceanos de lixo informacional com cheiro e sabor de verdade, mas putrefato e nocivo.
O bolsonarismo é matéria e vetor da poluição informacional dos tempos da World War 3.
