Pronunciamento de Lula nesta quinta (17) condena chantagem de Trump

No pronunciamento de Lula, presidente condena “chantagem inaceitável” de Trump e denuncia traidores da pátria, detalhando ações diplomáticas.

Brasília, 17 de julho de 2025, No pronunciamento de Lula transmitido em rede nacional de rádio e televisão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a carta enviada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, anunciando a aplicação de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é uma “chantagem inaceitável” e apontou que alguns parlamentares que apoiaram a medida agiram como “traidores da pátria,” em sua visão.

Em tom veemente, Lula lembrou que desde março o governo brasileiro já havia realizado mais de dez encontros com representantes americanos, e que em 16 de maio enviou uma proposta formal de negociação sem obter qualquer resposta concreta, afirmando que “esperávamos diálogo, recebemos intimidação, fomos surpreendidos por uma carta ameaçando nossa economia e nossas instituições,” referindo‑se ao anúncio que entrará em vigor em 1º de agosto e incidirá sobre calçados, automóveis, etanol e outros bens.

O que motivou o pronunciamento de Lula em rede nacional

Pronunciamento de Lula sobre a carta de Donald Trump e defesa do Judiciário

Sem citar nomes, mas aludindo diretamente a lideranças contrárias, o pronunciamento de Lula foi certeiro ao declarar que “nada dói mais do que perceber que, nesse momento, alguns políticos brasileiros se comportam como traidores da pátria, torcendo pelo quanto pior, melhor, não se importam com nossos trabalhadores, com nossas fábricas, com as famílias que dependem do emprego,” e aproveitou para defender a autonomia do Judiciário brasileiro, lembrando que “nem Trump, nem ninguém de fora vai dar ordens a este País.”

Em seguida, Lula detalhou a estratégia diplomática adotada pelo governo, que incluiu o envio de carta conjunta assinada pelo vice‑presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao representante comercial dos EUA, a mobilização de países do Mercosul para formação de um bloco de pressão, e a preparação de ações legais, como recursos à Organização Mundial do Comércio e o uso da Lei da Reciprocidade aprovada pelo Congresso Nacional, ressaltando que “o Brasil não recua diante de chantagem, mas negocia com firmeza, esgotando todas as vias diplomáticas antes de qualquer retaliação.”

Representantes dos setores calçadista e automotivo, responsáveis por mais de 900 mil empregos diretos, alertam que a manutenção da sobretaxa pode provocar queda de até 20% na produção e fechamento de fábricas, especialmente na região do Vale dos Sinos, enquanto o Ministério da Economia avalia, em caráter emergencial, linhas de crédito especiais e desonerações para mitigar o impacto no mercado interno.

Ao concluir o pronunciamento de Lula, o presidente anunciou que já na próxima semana uma delegação do governo brasileiro partirá para Washington para negociações de alto nível, reforçando que “temos a força do nosso povo e a razão do nosso direito, vamos defender nossa soberania de cabeça erguida.”

Mais cedo, Trump envia carta a Bolsonaro exigindo o fim imediato do julgamento contra o ex-presidente brasileiro. A correspondência, divulgada por Jair Bolsonaro em suas redes sociais nesta quinta-feira (17), reforçou o apoio explícito do presidente dos Estados Unidos e elevou o tom do debate público sobre o processo judicial.

No documento, endereçado ao “Honorável Jair Messias Bolsonaro, 38º Presidente da República Federativa do Brasil, Brasília”, Trump afirma ter acompanhado o tratamento recebido por Bolsonaro “pelas mãos de um sistema injusto voltado contra você”. O líder americano pediu que “esse julgamento deve acabar imediatamente!” e elogiou o ex-presidente, chamando-o de “um líder altamente respeitado e forte, que serviu bem ao seu país”.

Na carta, Trump também expressa preocupação com o que define como “ataques à liberdade de expressão” vindos tanto do governo brasileiro quanto do governo dos Estados Unidos. Ele afirma: “Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, provenientes do governo atual”. Segundo Trump, a desaprovação às medidas do governo brasileiro é manifestada publicamente e também através da “nossa política tarifária”.

Ainda na correspondência, Trump pede que o Brasil “pare de atacar os opositores políticos” e encerre o que classifica como “regime ridículo de censura”, indicando que acompanhará de perto os desdobramentos. O tom do texto deixa claro que a carta tem caráter pessoal e político de apoio a Bolsonaro, sem tratar-se de comunicação diplomática formal entre governos.

Mágson Alves

Mágson Alves

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