Brasília, 15 de julho de 2025 – Conforme reportado pelo The New York Times, a administração do presidente Donald Trump iniciou nesta terça-feira (15) uma investigação sobre as práticas comerciais do Brasil e possíveis ações de “interferência anticorrupção”. A medida atende a uma ameaça formalizada na semana passada, quando Trump acusou o governo brasileiro de adotar práticas comerciais injustas e de perseguir seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Investigação comercial
O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (Office of the United States Trade Representative – USTR) informou que avaliará se políticas e ações do governo brasileiro são injustas ou prejudiciais a empresas e trabalhadores norte-americanos. Entre os pontos investigados estão tarifas sobre produtos dos EUA, políticas de comércio digital, restrições ao mercado de etanol e ações descritas como “anti-corruption interference”.
Anúncio de tarifas
Na semana passada, Trump divulgou uma carta pública endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras a partir de 1º de agosto. No texto, ele classificou o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) como “uma vergonha internacional” e acusou a Corte de emitir ordens de censura “secretas e ilegais” contra plataformas americanas de mídia social.

Poder presidencial e discurso oficial
Nesta terça, o representante comercial Jamieson Greer confirmou o início da investigação, destacando preocupações com supostos ataques do Brasil a empresas de tecnologia dos EUA e outras práticas comerciais prejudiciais a trabalhadores, agricultores e inovadores norte-americanos.
A iniciativa é preocupante com relação aos amplos poderes do presidente dos EUA para aplicar tarifas sem autorização do Congresso. Trump tem usado esse mecanismo para enfrentar déficits comerciais, alegar riscos à segurança nacional e, mais recentemente, pressionar governos estrangeiros.
Justificativas e repercussão
Em entrevista à ABC News, o diretor do National Economic Council, Kevin Hassett, afirmou que Trump está “frustrado” com as negociações com o Brasil. Ele justificou a tarifa de 50% como uma resposta ao tratamento dado a Bolsonaro e mencionou também a tentativa de coibir o transshipment, prática na qual produtos chineses seriam redirecionados via Brasil para evitar sanções diretas dos EUA.
O que diz a Seção 301
A investigação será conduzida sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, que permite aos EUA adotar medidas corretivas, como novas tarifas, quando identificadas práticas comerciais desleais por governos estrangeiros que afetem o comércio americano.
[…] citou o sistema de pagamentos instantâneos Pix entre as práticas comerciais brasileiras sob investigação. Em documento publicado em 15 de julho, o USTR aponta que o governo do Brasil favorece seu próprio […]